Como é a combinação entre ESTJ e ISFJ, na Tipologia Jung?

Este deve ser um dos pares mais comuns que existem. Pelos seguintes motivos: são dois tipos guardiões, que, estatisticamente, compõem sozinhos 40% da população. O outro motivo é que, justamente por ambos serem guardiões (SJs), eles costumam gostar de trabalhar nos mesmos tipos de lugares: organizações hierárquicas, onde é claro quem faz o quê, como, quando e onde. Usualmente locais tradicionais como empresas públicas ou bem consolidadas. Logo, é também comum que ESTJ e ISFJ conheçam-se no trabalho, ou lugares que ambos frequentam.

A compatibilidade não é perfeita. Podemos dizer que fica entre 40% e 60%, a depender de outros fatores além da personalidade.

Porém, existe diferença suficiente para manter as coisas “indo”.

Essas diferenças se chamam Pensamento Introvertido e Extrovertido, e Sentimento Introvertido e Extrovertido.

“Eu me importo com você”

O ISFJ possui Sentimento Extrovertido auxiliar, e é conhecido por ser um dos tipos que mais se importa com o bem estar emocional dos outros.

O ESTJ está na outra ponta. Ou seja, é justamente conhecido por não priorizar os sentimentos dos outros.

Logo, temos uma alta compatibilidade nesta área , com o ISFJ priorizando os sentimentos do ESTJ, enquanto que o ESTJ também prioriza seus próprios sentimentos. Esta é a situação ideal: quem tem Sentimento Introvertido como o ESTJ, relacionar-se com quem tem Sentimento Extrovertido como o ISFJ, pois dessa forma o ESTJ mantem-se na linha, sem entrar em seu superego ENFJ (algo que pode ocorrer quando alguém maltrata sua função inferior do Sentimento Introvertido).

O ISFJ não consegue agir de outra maneira, que não colocar o bem estar emocional do ESTJ em primeiro lugar. E isso acaba dando certo para os dois no final.

O ESTJ sente que seus sentimentos e emoções são validados pelo ISFJ de forma natural e amável. E o ISFJ prefere a posição de cuidar do emocional alheio acima do próprio emocional.

O ISFJ costuma tirar seu bem estar emocional, do bem estar dos outros. Portanto, ele garantirá que o ESTJ se sinta bem, para que ele mesmo possa sentir-se bem.

“O que você pensa”

Em troca, o ESTJ supre o fato de que o ISFJ não possui acesso à função do Pensamento Extrovertido. Essa função é o ponto cego do ISFJ, o que faz com que ele não tenha fácil acesso a dados e estatísticas, além de não se importar nada com sua própria reputação ou com o que os outros pensam.

O ISFJ importa-se apenas com o que ele mesmo pensa, uma vez que possui apenas Pensamento Introvertido em sua função terciária.

Já o ESTJ se importa mais com o que os outros pensam, do que com o que ele mesmo pensa. Logo, a compatibilidade nessa área de pensamento é muito boa.

O ESTJ irá buscar manter uma boa reputação perante o ISFJ, uma vez que o ESTJ valoriza que as outras pessoas pensem bem dele.

Porém, o ISFJ precisa tomar cuidado pois o ESTJ poderá querer inventar histórias e modificar os fatos e os pensamentos do ISFJ sobre a realidade, e o ISFJ é um tipo que cairá fácil neste truque, exceto caso utilize corretamente seu Pensamento Introvertido terciário e busque verificar se tudo que o ESTJ diz é realmente verdade. Porém o fato de que o ISFJ não tem acesso aos dados acaba deixando uma porta de fundos aberta para que ele acabe acreditando em literalmente qualquer coisa (este, inclusive, é um dos tipos mais propensos em entrar em cultos e seitas pois acaba crendo facilmente em tudo). Qualquer fato falso que for alimentado ao ISFJ acabará sendo aceito se tiver aparência de real, e o ESTJ por ter Pensamento Extrovertido dominante, somado à Intuição Extrovertida terciária, poderá querer modificar a narrativa dos fatos para fins de proveito próprio.

Ou seja, o que estamos querendo dizer é que o ESTJ pode fazer X, e dizer ao ISFJ que fez Y, e o ISFJ corre o risco de acreditar de forma muito inocente em tudo que o ESTJ disser.

“Eu quero o que você quer.”

Chegamos num dos maiores pontos fracos desta combinação: a ausência de Intuição Introvertida. Ambos os tipos gostam que alguém lhes diga o que fazer, ou diga o que quer, para que assim eles possam realizar o desejo da outra pessoa e não corram o risco de fazer “nada errado”.

O que ocorre, então, quando nenhum dos dois quer nada?

O ESTJ, embora tenha qualidades de liderança, sente-se mais confortável quando possui um Norte a seguir, que usualmente é dado por alguém que possua Ni e que diga “eu quero isso, eu quero aquilo”, assim o ESTJ pode realizar. Ocorre que o ISFJ também prefere que alguém lhe diga o que fazer.

Este ponto pode ser um pouco delicado, já que por causa disso ambos também são mais ligados ao passado do que ao futuro, que eles não conseguem vislumbrar com clareza justamente por não ter Ni (intuição introvertida).

Nenhum dos dois consegue ver o caminho além, logo pode faltar alguém para fazê-los sair da zona de conforto e perder o medo das possibilidades negativas de acontecimentos. O resultado disso é que podem acabar numa terrível rotina monótona, já que ambos preferem o caminho já testado.

Conclusão

Um par comum de ser encontrado no populacho, ISFJ e ESTJ possuem pontos fracos em comum, mas também tem algumas características que são complementares (o que falta a um, sobra ao outro).

Embora não seja a mais feliz das combinações, pode acabar em casamento já que ambos são altamente tradicionais e procuram por estabilidade.